O apóstolo (Paulo) preocupa-se com o «desenvolvimento» daquilo que já tem existência, mais do que com a chegada a alguma coisa até então inexistente… Talvez a mais clara declaração sobre este ponto seja… a de Filipenses 3.10, onde ele diz que o seu maior desejo é «conhecê-lo». Quererá ele dizer que não conhecia a Cristo nem um pouco e que ansiava por obter algum conhecimento dEle? Claro que não. O que ele diz é isto: «Eu O conheço, mas quero conhecê-lO muito mais, quero ter conhecimento mais profundo». Anela por «crescimento» e por ver aperfeiçoar-se o conhecimento que já possui.
Para solucionar a questão de tal modo que põe fim à discussão, podemos dar nossa atenção à paradoxal afirmação de Filipenses 3.12-15. Paulo começa dizendo: «Não que eu o tenha já recebido, ou tenha já obtido a perfeição»; e depois continua: «Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento». (v. 15)… Na realidade, não se trata de uma verdadeira contradição. Ele quer dizer que todos os verdadeiros cristãos já possuem o conhecimento essencial à salvação, e são perfeitos quanto a este sentido. Por isso ele diz: «Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento». Então ele prossegue, dizendo: «E, se porventura pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá». Existem aspectos da fé e da verdade que não conhecemos ainda; estes nos serão revelados. No que concerne à fé que possuímos, e à nossa atual posição sobre o fundamento, Cristo Jesus, há um sentido, portanto, em que já somos perfeitos. Mas também é certo que temos que avançar para a perfeição. Não chegamos lá, não a recebemos ainda (v. 12). Agora estamos crescendo neste conhecimento que temos. Nós o estamos penetrando. É porque já estamos nele que podemos crescer e desenvolver-nos nele e através dele.
Extraído do devocional “Mensagem para hoje – Leituras diárias selecionadas das obras de D. M. Lloyd-Jones” – sob autorização da Editora PES
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