A palavra hebraica «aviva» tem o sentido primário de «preservar», ou «manter vivo». O que Habacuque temia grandemente era que a Igreja estivesse sendo totalmente destruída. Daí orava: «Preserva-a, ó Deus, mantém-na viva, não permitas que ela seja derrotada». Entretanto, avivar não significa somente manter vivo ou preservar, mas também purificar e corrigir, despojar-se do mal. Este é sempre um acompanhamento essencial, toda vez que Deus promove avivamento. Na história de cada reavivamento lemos sobre a ação de Deus, purificando e eliminando o pecado, a impureza e as coisas que estavam embaraçando a Sua causa… Enquanto a Igreja está sendo preservada, purificada e corrigida, ao mesmo tempo está sendo preparada para a libertação. O profeta olha para a calamidade que se aproxima, e diz: «Ó Senhor, ainda que devamos ser punidos, prepara-nos para a libertação que há de vir. Faze a todo o Teu povo digno das Tuas bênçãos»…
O apelo final de Habacuque é deveras tocante (capítulo 3, versículo 2) – «na tua ira», diz ele, «lembra-te da misericórdia»… Não pede a Deus que se lembre do Seu povo por causa de quaisquer méritos deles… A única coisa que ele faz é pedir a Deus que se lembre de Sua natureza e daquele outro lado do Seu santo Ser – a Sua misericórdia. É como se dissesse: «Tempera a ira com a misericórdia. Nada temos para dizer, exceto pedir-Te que ajas de acordo contigo mesmo, que em meio à ira tenhas piedade de nós».
Temos aqui a oração modelo para uma época desta*. Em todos os nossos «dias nacionais de oração», durante a última guerra, parecia haver a presunção de que nós estávamos certos e de que tudo que tínhamos a fazer era pedir a Deus que derrotasse os nossos inimigos que, só eles, estavam errados. Tinha-se a impressão que não havia lugar para nenhuma humilhação veraz ou confissão de pecado… A mensagem deste livro (Habacuque) é que, enquanto não nos humilharmos verdadeiramente… enquanto não nos encararmos a nós mesmos como somos aos olhos de Deus… não temos direito de procurar paz e felicidade. Enquanto o mundo não aprender estas poderosas lições da Palavra de Deus, não haverá esperança para ele.
*1953
Extraído do devocional “Mensagem para hoje – Leituras diárias selecionadas das obras de D. M. Lloyd-Jones” – sob autorização da Editora PES
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