“Chorar” é… inteiramente inevitável. Quando me defronto com Deus e Sua santidade, e pondero na vida que eu devia viver, vejo-me a mim, vejo meu completo desamparo e desesperança… Mas é óbvio que a coisa não para aqui. A pessoa que verdadeiramente encara a si mesma… necessariamente chora seus pecados também… se eu deploro estas coisas em mim mesmo, estou, de fato, chorando.
Todavia, ainda não é aqui que se detém o cristão. O verdadeiro cristão… também chora por causa dos pecados alheios… Ele vê que o mundo inteiro está numa condição doentia e infeliz. Ele sabe que isso tudo se deve ao pecado; e por isso chora.
Aí está porque nosso Senhor chorou… Ele viu essa coisa feia, hórrida e imunda chamada pecado, que havia penetrado na vida… e que transtornara a vida humana e a tornara infeliz…
É isso que se pretende dizer por chorar, no sentido espiritual, no Novo Testamento… É a própria antítese do espírito, da mentalidade e da perspectiva do mundo que, conforme nosso Senhor o coloca, “agora ri”… O mundo ri-se e diz: “Não fiquem repisando muito nessas coisas”… A atitude do cristão é essencialmente diversa.
(Mas) nosso Senhor faz nestas bem-aventuranças uma afirmação completa, que deve ser aceita como tal. “Bem-aventurados os que choram”, diz Ele, “porque serão consolados”. Aquele que chora é realmente feliz, afirma Cristo; esse é o paradoxo. Em que sentido é feliz? …Aquele que verdadeiramente chora por causa do seu estado e condição de pecado, caminha para o arrependimento; na verdade, ele já está, de fato, se arrependendo… Se nós choramos deveras, regozijar-nos-emos, seremos felizes e seremos consolados… Eis aí algo espantoso na vida cristã. Sua grande tristeza o levará à alegria, e sem tristeza não haverá alegria.
Studies in the Sermon on the Mount, i. p. 58-60.
Extraído do devocional “Mensagem para hoje – Leituras diárias selecionadas das obras de D. M. Lloyd-Jones” – sob autorização da Editora PES
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