É vedada a entrada ao reino dos céus… (àquele) que não é pobre de espírito. Essa é a característica fundamental do cristão e do cidadão do reino dos céus, e todas as outras características, em certo sentido, resultam dela… Realmente, ela significa esvaziamento, enquanto que as outras são manifestações de plenitude. Não é possível encher-nos a não ser depois de nos esvaziarmos. Você não pode encher de vinho bom uma jarra que contém vinho azedo, ainda que em pequena quantidade; só depois de ter sido retirado o vinho azedo…
Há sempre esses dois lados, quanto ao Evangelho: um rebaixar-se e um elevar-se. Você recorda as palavras do velho Simeão, referentes a nosso Senhor e Salvador quando O tinha, menino ainda, em seus braços. Disse ele: “Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos”. A ruína, a queda, vem antes do levantamento. É elemento essencial ao Evangelho que a convicção de pecado sempre tem que preceder à conversão; o Evangelho de Cristo condena antes de libertar. Pois bem, é claro que aí está uma coisa fundamental.
Se você prefere que eu diga isso em um estilo mais doutrinário e teológico, direi que não existe nenhuma outra afirmação mais perfeita da doutrina da justificação exclusivamente pela fé, do que esta bem-aventurança: “Bem-Aventurados os pobres de espírito, porque deles (e só deles) é o reino dos céus”. Muito bem, pois; eis aí o fundamento de tudo mais.
Extraído do devocional “Mensagem para hoje – Leituras diárias selecionadas das obras de D. M. Lloyd-Jones” – sob autorização da Editora PES
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