… Todas as idéias do homem como unidade econômica baseiam-se… numa falácia… vêem somente um aspecto… O problema de todas essas teorias é que olham só um lado, um aspecto, e assim suas soluções são parciais e incompletas. O que esquecem… é a própria vida. Esquecem os sentimentos e fatores, como as emoções… “Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que as sonhadas por tua filosofia”. Assim Shakespeare exprimiu essa verdade. Não estou certo se Browning não o disse ainda melhor…
Você se lembra da entrevista entre o velho bispo e o jovem jornalista que ficara descontente com a religião cristã? (na obra “Bishop Bloughram’s Apology”). O rapaz queria repensar as coisas da vida. Ia romper com tudo que lhe fora ensinado, ia sopesar as coisas sozinho e elaborar uma nova filosofia. O velho bispo disse, com efeito, o seguinte: “Sabe, outrora fui moço e fiz a mesma coisa. Eu achava que tinha entendimento perfeito, que reunira todas as partes componentes, que tinha um completo plano e filosofia da vida, e achava que nada poderia fazê-lo fracassar, mas… Na hora em que pensamos que, para usar o jargão moderno, estamos com a vida “bem arrumada”, justamente quando pensamos que nossa filosofia é perfeita. Quando mais seguros nos Julgamos, surge no horizonte um tom de acaso, fenece a flor que ontem plantamos, morre alguém, escuta-se o final de Eurípedes em cântico coral. E não basta isto, por acaso, para mil temores e esperanças?… O grande Talvez.”
Percebe-se o que Browning quer dizer. Com nossa mente racional, traçamos nossa planta da vida e achamos que podemos explicar todas as coisas e que nossa teoria abrangeu a tudo. Mas justamente quando chegamos a esse ponto… Temos a visão de um arrebol vespertino, um pôr do sol glorioso e dourado que nos comove até nas profundezas do nosso ser, de um modo que não podemos explicar… Há um mistério em torno disso, um mistério que não logramos penetrar… Existe alguma coisa mais depois de tudo, além, acima e atrás de tudo que podemos compreender.
Extraído do devocional “Mensagem para hoje – Leituras diárias selecionadas das obras de D. M. Lloyd-Jones” – sob autorização da Editora PES
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